"Viver é bom", proclamas

Triste, confusa, conturbada, cansada, vazia. É a minha cabeça nestes últimos dias. O esforço é sobre-humano, inumano, desumano, a concorrência é desleal, é o princípio do salve-se-quem-poder e da mesquinhice e o triste é tudo isto partir daqueles que deviam ser os nossos educadores. Lixam quantos mais poderem e quanto mais poderem com a desculpa de nos educarem para o mundo da concorrência e regozijam-se com a nossa vã tentativa de algum sucesso. É triste. Mas no fundo há uma voz que diz: “Bem-vinda Joana, ao Mundo dos adultos!”
Prestes a entrar em curto-circuito, em autocombustão, uma bomba-relógio de humores intempestivos, de problemas, de chatices, de esforço, de insucessos, de lágrimas. Esta sou eu ultimamente. A necessitar de romper em lágrimas mas também a necessitar de um ombro que me suporte. À minha volta é tudo igual, as caras são o espelho da mesma tristeza, do mesmo desalento, dos mesmos cansaços e das mesmas noites em branco, nada me alenta e nada me sorri. Nem os pequenos sucessos, as notas felizes, os quase-vintes me dizem alguma coisa, porque o esforço para lá chegar foi desumano, foi auto-sacrifício. E como consequência todos os outros planos da minha vida me parecem tristes, cinzentos e mortos. Eu queria uma luzinha ao fundo do túnel, queria o descanso e o sol, queria a musica, queria saltar e rir e despreocupar-me.
Depois deste desabafo, desta pausa, volto a mergulhar a cabeça nos livros que amanhã é mais uma prova, mais um dia para chegar a casa desfeita, cansada e ainda mais desiludida.